quinta-feira, março 27

Show de Horrores

Qualquer um sabe que a qualidade de ensino público de São Paulo está longe de ser considerada exemplar. Longe até de ser considerada "razoável".
Educação nunca foi prioridade nesse país. Sempre foi meio esquecido, deixado de lado, empurrado com a barriga...

Depois de resultados catastróficos naquele Saresp do ano passado (e de qualquer concurso que foi realizado), o excelentíssimo Governo de São Paulo criou uma coisa maravilhosa, que acabaria com todos os problemas da educação num piscar de olhos. Era o sensacional: Jornal do Aluno!!
Nele, teríamos todas as matérias, com tudo que um aluno precisa saber. Isso é, realmente, uma ótima coisa!
Um jornalzinho medío... Err, um jornal bem estruturado, completo, que supre todas as necessidades que um aluno que está prestes a entrar na faculdade precisa. E quem se importa com o fato de o 2º e o 3º ano estarem usando o mesmo (você leu certo. É o mesmo. Não disse que era parecido, que tinha uma ou outra questão igual. É exatamente o MESMO) jornal?
E o melhor, é que depois de um árduo estudo baseado nas informações contidas nesse material, faremos uma prova que irá mostrar ao Brasil inteiro que essa solução foi boa e que o Governo Estadual é fabuloso! É, seus problemas acabaram, senhor Governador! =D

Okay, agora falando sério, desde que as aulas começaram há quase dois meses, ninguém aprendeu absolutamente NADA. As lições desse jornal são estúpidas, quase uma ofensa aos alunos. A parte de português chega a ser deprimente. Qualquer criancinha da 4ª série saberia fazer os exercícios propostos e ainda fazer um desenho no final da aula. Química, física, biologia e geografia são apenas gráficos. E nem é algo que precise de muito raciocínio. Só bater o olho e dizer 'Ah, a taxa de crescimento de X coisa foi maior que a de Y coisa'. Porque são todas as questões iguais, só muda o nome.
As aulas de história foram ótimas (mas é preciso querer mesmo prestar atenção na aula. O nosso professor tem o dom de fazer os alunos cairem no sono. Eu gosto das aulas dele [tá, sou a única com essa opinião na escola], mesmo tendo que balançar a cabeça de vez em quando pra me manter acordada.), não por causa do jornal, mas pela ausência dele. O professor só pediu para que fizéssemos os exercícios, todos de uma vez e entreguasse, já que ele precisava mostrar isso à Delegacia de Ensino. As primeiras aulas foram cheias de críticas e comparações ao período da ditadura. Tá certo que ele me deixou com um certo medinho do futuro próximo. Enfim, foi o primeiro a começar a passar matéria (teria começado antes se ele fosse menos enrolado xD).

Bom, voltando a falar da proposta do jornal, iremos fazer uma prova nas próximas semanas (ninguém sabe ao certo quando ou como será. Essa é mais uma coisa ótima desse jornal: ninguém sabe de absolutamente nada do que vai acontecer) para avaliar o quanto foi eficiente esse jornal. Pois bem, desde o começo do ano, a idéia que rondava nossas cabecinhas juvenis era a mesma: boicote. Se todos deixassem de fazer a prova; ou respondesse tudo errado; ou fizesse um sei-lá-o-quê, desde que não fosse levar a prova a sério, estava valendo. Assim, mostraríamos como essa idéia havia sido um fracasso, e que não seria com algumas folhas de papel que o problema da educação seria resolvido.
Mas como fomos tolinhos, não é? É claro que o ditador lá pensou nisso e já se preveniu: quem não conseguir atingir o mínimo de pontos (que provavelmente será bem baixo) irá ficar dois meses de recuperação! (y) Quem estuda de manhã, terá de ir todos os dias para fazer recuperação à tarde, e vice-versa. E, depois dessa recuperação, uma nova prova (provavelmente mais estúpida que a anterior). Quem tiver a proeza de ir mal (ou quiser ir a fundo no boicote, talvez...) nessa prova, passará julho INTEIRO de recuperação. Belezura, né?

Aí, estamos todos na merda. Sem ensino de qualidade e ainda tendo que ser marionetes do estado pra mostrar pro Brasil inteiro que aquele lixo de jornal - que não serve nem pra limpar o cú - é a revolução na educação Paulista, quiçá, Brasileira.