Sinceramente, é difícil tomar iniciativas. E não importa onde ou pra quê, é difícil.
Não saber por onde começar, o que falar... às vezes, você até sabe como proceder da metade em diante, sobre o que falar ou que rumos tomar. O começar é que é difícil.
50 minutos. Aproximadamente 15 minutos perdidos com a falação habitual que precede uma prova. Restam 35 e uma folha em branco.
Você sabe o assunto, sabe o que aconteceu, já tem até um pedaço da narrativa todo formado na sua cabeça. Só não faz idéia de como dar a ignição nisso tudo. Mais 5 minutos perdidos, mas pelo menos o seu nome e número já estão lá no alto da folha.
Você olha em volta, as cabeças estão abaixadas e apenas o barulho do lápis riscando o papel. Aqui ou ali, uma folha erguida com o seu dono admirando o trabalho feito até então. Você abaixa os olhos e vê aquela imensidão de linhas vazias. Uma sensação estranha no estômago, você pega o livro e começa a folhear desesperadamente por uma inspiração para começar.
Tenta, de todas as formas, achar um jeito de começar. Talvez daquela forma habitual, dando voltas no assunto, repetindo a mesma idéia e o que foi pedido no enunciado.
Cadeiras se arrastam. Já tem gente terminando, e você aí, na mesma. Olha de novo pra folha, percebe que esqueceu de colocar sua sala. Pronto, arrumado. Mas continua na mesma - sem um bom começo.
Agora faltam menos de 20 minutos, e finalmente uma luzinha parece se acender bem no meio da sua cabeça. Então você começa a escrever desesperadamente, com seus pensamentos se atropelando pelo caminho. Confere no caderno se as informaçãoes estão certas, copia alguma citação aqui, uma data ali. Mais da metade da sala já foi embora e você ali, a mil. Numa mistura de euforia e afobação, consegue achar um gancho para colocar tudo aquilo que você sabe e se matou de estudar...
Mais 5 minutos para finalizar a prova. Você, à beira de ter convulsões, não conseguiu chegar nem na metade de tudo o que você tem a dizer. Começa a resumir e deixar pontas dispersas pelo caminho. Não tem mais quase ninguém sala, o lápis está quase rasgando o papel (e graças a Deus não terá que passar a caneta por cima). Uma paradinha para ler. O começo foi um fiasco, muita enrolação até achar a forma certa de se expressar; mais adiante, cenas detalhadas e capricho; lendo mais um pouco, a pressa pode ser facilmente percebida pela letra corrida e fatos simplismente citados; mais correria, e você ainda precisa de um final. Ou precisaria, se não tivesse que entregar sem tê-la finalizado decentemente. Então, um resumão é colocado em prática (leia-se: uma linha que dá a entender o que aconteceu) e acabou.
Hora de entregar e rezar para que da próxima vez arrume um começo mais depressa.
terça-feira, maio 6
Dar o Primeiro Passo
Devaneado por BeleCroft às 14:58
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2 comentários:
Nosa senhora,é horrível quando acontece isso com a gente!
Tem vezes que sua imaginação (tudo aquilo que vai escrever) ta na sua cabeça,mas é só ver aquela folha em branco,que ela simplismente some...
E o pior! Só volta nos últimos minutos da aula,rs
Adorei o post,como sempre.
Beijos
MELDEUS, eu me vi fazendo prova quando li isso, sério. Tipo, eu gosto de escrever (tá, gostava, mas ando tão sem inspiração =/), mas quando é obrigação, tudo parece se complicar. E REALMENTE o início é um porre. É muito chato começar um texto, muito chato mesmo. Droga, me senti até deprimida ao ler isso, sabe, porque, tipo, ando querendo tentar escrever, aí, algumas situações fazem meu cérebro fervilhar, mas aí, quando lembro que preciso de um começo, eu desisto, e nem tento. Sou uma quase escritora em decadência.
Beijos, Belequita.
Ótimo texto! =)
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