sábado, setembro 26

Ato 1

E nos abraçamos.

Fora o abraço mais nervoso e sincero e ansioso e intenso e aconchegante e ávido que já recebera.
E que já dera.
E que já acontecera em toda a História.

Nervoso, pois nenhum dos dois sabia exatamente o que esperar.
Sincero, pois não havia nada mais puro no mundo do que aquele sentimento.
Ansioso, pois houvera tamanha espera que não caberia na metragem convencional do tempo.
Intenso, pois o momento em que os dois corpos encontraram-se fora como uma descarga elétrica de incontáveis volts.
Aconchegante, pois cada um encontrava no outro a simetria perfeita de seus corpos e o calor necessário para mantê-los aquecidos por todo o inverno.
Ávido, pois tanto ele quanto ela desejavam-se secretamente, com anseios e ardências, numa vontade de nunca livrarem-se do enlace cheio de prazeres et de la dèbauche que se encontravam.

Sabiam que isso nunca aconteceria novamente.
Ela sabia. Ele sabia.
Cada instante é unico e imutável.

E aquele momento presente, que tão logo se fizera passado, ficou eternizado em suas memórias e gravado para sempre no tempo. Jamais perdido, jamais esquecido. Intocável.

sexta-feira, agosto 7

A Arte da Desatenção

Sabe que quando você está adiantado, tudo acontece e acaba te atrasando, né? Já cansei de ouvir a minha mãe falando "poxa vida, só porque eu estava adiantada hoje, tua tia ligou e me segurou um tempão no telefone, depois a vizinha tocou aqui e me contou sobre a vida de todo mundo, sem contar que o gás acabou..."

Então, meus horários bizarros e instáveis do serviço sempre acabam gerando algum atrito com outros horários meus, mas isso já virou rotina. E, claro, hoje não poderia ser diferente.
Iria sair às 16h15 e tinha dentista marcado pras 17h30. Beleza. Acontece que pra chegar lá eu costumo levar, no máximo, 15 minutos, então eu tava bem relaxada com isso. Teria que esperar um bocado até ser atendida (e justo hoje eu esqueci de colocar um livro na mochila pra passar o tempo mais rápido), mas tudo bem. Detalhe que meu horário foi mudado pras 17h30 porque um outro dia eu cheguei quase meia hora atrasada (maldito ônibus que se recusou a passar naquele dia! Mas também, era uma coisa meio ninja: eu estava saindo às 16h45 pra consulta que era 15 minutos depois), mas isso não é relevante.

Voltando ao dia de hoje, deu as 16h15 mas eu não estava muito animada a sair e ficar um tempão esperando sem fazer nada. Decidi terminar umas coisa por lá até umas 16h30 pra depois ir embora. Continuava cedo - bem cedo - só que seria mais proveitoso dar umas voltas em algum lugar do que continuar por lá.
Pois bem, saí e fui para o ponto de ônibus. Milagre que passaram uns 5 ou 7 ônibus seguidos, só que nenhum me servia. Estranho porque de, sei lá, 10 linhas de ônibus que passam lá, umas 4 me serviriam e as outras iriam para lugares bem distintos. Esperei, esperei mais um pouquinho até que passou um lá com o letreiro que eu esperava. Dei sinal, subi, sentei e desliguei da vida.
Vira uma rua aqui, vira outra ali, sobe ladeira... O caminho que costumava ser rápido começou a demorar e, o pior, eu não reconhecia nada! Não que isso seja muita novidade, eu sou uma completa perdida, total turista no meu próprio bairro (embora aquele não fosse o meu bairro, mas não justifica), mas pelo menos uma loja ou outra, um ponto de referência aqui outro ali eu reconheço. Até que finalmente eu levantei e fui falar com o cobrador:
- Amigo, esse ônibus aqui não vai pro Tucuruvi não, né? - porque a essa altura eu já tinha certeza que estava no ônibus errado.
Nem preciso dizer que ele quase riu da minha cara. Pelo menos ele foi bem prestativo (embora tenha dado uma boa ênfase na parte de dizer que eu estava indo pro completo oposto) "mas se você precisa ir pro metrô, pode continuar nesse que vai pro Metro Belém", mas acontece que eu precisava ir para o Tucuruvi em si, e não pro metrô. E detalhe que o Belém fica aqui, o Tucuruvi fica lááááá do outro lado. E então, ele foi me salvando "faz assim, você desce no próximo ponto, atravessa a rua e pega o ônibus XY-777; aí você desce na rua Pompeu Pompilho Pomposo e pega o ônibus Z-044 que aí sim você chega no Tucuruvi" e ainda falou pro motorista "companheiro, abri aqui pra mocinha descer" e repetiua s instruções "olha, naquele ponto ali, em frente a padaria, você pega o XY-777, desce na Pompeu Pompilho Pomposo e depois pega o Z-044" e lá fui eu, esperar o XY-777 em frente da padaria.
Detalhe que estava aquele maldito sol de fim de tarde, eu toda de preto e com blusa de manga comprida (maldito uniforme!), parada num ponto de ônibus que ficava em frente de uma padaria, repleta de bêbados, do lado de um carrinho de churrsco com a melhor carne de gato siamês. Sorte que o tal ônibus não demorou a passar, mas pra minha sorte, estava mais cheio do que o inferno.

E vou aproveitar pra reclamar mais uma vez dos malditos microonibus. Aquilo é a pior invenção dos últimos tempos, cara! Não cabe nem metade das pessoas que caberiam num ônibus comum, e parece que cada dia que passa mais ônibus são substituídos por suas versões em miniatura. Foda que agora também proibiram os fretados de circular, daí já viu.

Subi no microcoletivo, perguntei pro motorista logo de cara "passa na Pompeu Pompilho Pomposo?" "passa, mas só dois pontos". Tudo bem, o que importa é que passa e essa rua eu conhecia. De nome, mas conhecia.
E lá fui, prestando bastante atenção em todas as placas (pelo menos isso...) e foi aí que eu me dei conta de como eu estava longe.

Se o cobrador daquele primeiro ônibus (que era um microonibus também. Tô dizendo, isso tá virando praga!) estiver lendo agora, valeu mesmo pela ajuda. Acho que eu estaria perdidona até agora sem a sua ajuda.
Vira aqui, vira ali e finalmente cheguei na Pompeu Pompilho Pomposo. Dei o sinal e desci. Pra minha quase total surpresa, eu continuava sem ter a menor ideia de onde estava. A única diferença é que eu sabia o nome da rua e sabia que a avenida que eu conhecia ficava perto dela (só falta saber a direção). Fui até um estabelecimento (que eu não consegui identificar se era uma papelaria vazia, um lugar pra tirar xerox, uma delegacia disfarçada ou o quê) e perguntei pra mulher como eu chegava na tal rua que eu conhecia, porque de lá eu saberia me orientar e, claro, eu já tinha esquecido qual era o ônibus que o cobrador tinha dito pra eu pegar. "Olha, você pode ir por dois caminhos..." aí já complicou, porque certamente ela explicaria os dois, eu escolheria um, esqueceria do resto da explicação quando eu estivesse na metade do caminho e iria parar em outra cidade. Então já perguntei logo o que me interessava "tem algum ônibus que vai pro Tucuruvi?" "você quer ir pra onde, afinal?", agora a coitada já estava confusa achando que eu sofria de algum distúrbio mental. Dei uma explicada rápida pra moça, que me indicou o que fazer "naquele ponto ali passam dois ônibus que vão pra lá. Um paára em frente do metrô, o outro na rua de cima. O que para em frente é o WW0, o outro é o..." "não, não, só esse tá bom. Porque se eu pegar o outro é bem capaz de eu me perder outra vez, e aí já viu... Hehe, brigada, moça".
Mal cheguei no ponto, o tal do WW0 parou e eu subi. Dessa vez, me certifiquei de olhar a plaquinha informativa do lado de fora antes de entrar, e agradeci imensamente o fato de hoje em dia termos Bilhete Único, que te permite circular por duas horas sem pagar uma nova passagem. Imagine se isso tivesse sido na época dos passes de papel...
Desce rua, cruza semáforo e finalmente eu reconhecia o lugar. Dei tantas voltas pra chegar no mesmo ponto em que tudo tinha começado, e só então comecei a tomar o caminho que deveria ter pego há quase uma hora atrás.
De super adiantada passei para em cima de hora. Se mais algo desse errado, estaria uber atrasada.
Sorte que todos os ônibus passaram rápido, mal chegava no ponto ele já virava a esquina. Se eles resolvessem demorar, tava na merda, certeza.

Felizmente, cheguei na destinação final. Atravessei o metrô por dentro, só pra cortar caminho, atravessei a rua, depois a outra e cheguei. Olhei no relógio e ainda consegui estar cinco minutos adiantada.

Na volta, conferi várias vezes se estava no ônibus certo (ainda mais que passam dois com o número igual mas com nomes diferentes, e que um faz o caminho de ida e o outro de volta, mas cruzam exatamente nesse ponto), e cheguei em casa tranquilamente.
Curioso que na ida, com todos esses eventos, o percurso foi mais rápido do que na volta.
É por isso e por tantas outras que prefiro o metrô.

E que maldito trânsito!

sexta-feira, julho 31

Go

Pessoas são complicadas. Muito.


Sério, eu não faço questão de ter centenas de amigos, de ser a pessoa mais sociável e popular do pedaço, agradar todo mundo e viver sorrindo. Não.


Confesso que sou fechada, odeio pessoas pentelhando a minha vida e querendo se intrometer. Odeio.


Sendo assim, qualquer pessoa com um pingo de bom senso saberia manter uma distância saudável. Aliás, qualquer ser pensante não acha que é seu amigo só porque passa algumas horas com você. E daí começar a querer dar conselhos (ou melhor dizendo, querer impor certos pensamentos) que não foram solicitados, opinar acerca de tudo e mais um pouco na sua vida já é demais.
Se nem pessoas que eu conheço há eras tem essa liberdade... Entretanto, esse lance de tempo de convivência vs tempo de confiança é bem relativo. Pessoas com as quais eu convivo há bastante tempo não são consideradas, por mim, dignos de confiança; enquanto outras que com apenas duas conversas descontraídas já se tornaram bastante íntimas.
(observação - "duas conversas" é exagero, mas nem tanto assim)
Logo, "não fale quando não for solicitado" deveria ser regra básica, lição de etiqueta número 1. E o pior é quando as pessoas se dóem todas quando recebem uma resposta adequada.


Lição 1 do post de hoje: Assista Chaves. E mais do que isso, absorva as lições valiosas que eles ensinam. O "fala o que quer, houve o que não quer" que a Chiquinha recebe de seu pai deveria ser lema de todo ser humano.


Outra coisa que simplismente me causa ânsias é a falsidade excessiva das pessoas. Note: ex-ces-si-va. Não serei hipócrita a ponto de dizer que nunca fui falsa vez ou outra na vida, até porque, ser 100% sincero é quase o mesmo que pedir pra ser linchado. Mas o ponto aqui é que esse negócio todo passa dos limites! Mas também, se for parar pra analisar, merda por merda, estamos todos sujos. Então, não há o que justificar.


Por que não nos calamos todos de vez em quando? Veja, temos dois ouvidos e uma boca. Conclui-se que fomos feitos para ouvir mais do que falar. O silêncio é sublime, encantador. Não estrague isso com palavras estúpidas, perguntas babacas e comentários infundados.


Lição 2: Ouça "Gilmarley Song"


E sabe de outra coisa? Vá viver sua vida. Ela é sua, só sua. Desencane do que os outros pensam, da opinião alheia e o melhor conselho que eu posso te dar é que quem se preocupa demais com o pensamento dos outros a seu respeito só se desgasta e nunca agrada. Saiba que a coisa mais importante do mundo pra você é você mesmo - mas não vá começar a se achar o Senhor do Universo ou Lady Galáxia - e que nada nem ninguém te compreende melhor do que você mesmo.


O vizinho é muito chato? Mande-o pra puta que pariu e saia assobiando.

quinta-feira, junho 11

E vejo flores em você

"Você tem na força dos dedos o fogo da palavra certeira que fere e cura os corações dos poetas. Escreva sempre e devore a vida nas palavras. Você já penetrou no mundo das palavras - agora só falta encará-las em pose de prece."

O professor de Língua Portuguesa I pediu para que fizéssemos uma redação comentando o primeiro semestre de aulas: o que foi bom, o que não foi, o que poderia melhorar...
Na real, eu fugi um pouco dessa proposta dele, mas coloquei a minha opinião e meus comentários a respeito do primeiro semestre mesmo assim, só que de uma forma mais "cibelística". Quando ele devolveu, tinha esse comentário dele.
Gostei e quis partilhar.

terça-feira, abril 14

Preciso me organizar

Preciso muito, muito mesmo de uma organização.

Arrumar este blog, excluir uma série de e-mails inúteis (na verdade, preciso cancelar a assinatura de vários newsletters e parar com a minha mania obsessiva de assiná-los), dar uma geral no Orkut, atualizar os outros sites de relacionamentos (outra mania obsessiva) que eu participo e linkar um no outro. Ah, também não posso esquecer de visitar os fóruns que eu prometi que entraria.

Além da vida offline que eu vivo (vivo?), em que eu preciso arrumar minhas gavetas (nem sei mais aonde eu posso achar minhas meias, já que elas nunca estão na gaveta certa), estudar (a nota da prova chata de segunda passada foi pior do que eu esperava. Palmas para minha falta de responsabilidade. E palmas para a professora desorganizada que, provavelmente, vai foder com o meu segundo bimestre), estudar mais, fazer todas as atividades extras que eu ainda nem comecei (preguiçosa!) deixar a preguiça de lado e retomar o Francês (okay, começar o Francês, já que até hoje eu não terminai aquela primeira aula do Live Mocha. Mas já aprendi a dizer que Je suis une femme, ou mieux, une fille), colocar em prática o que eu só fico planejando (mesmo que o meu prazo seja até o dia 31/12, se não começar agora, nunca terminarei a tempo)... Tá, mas essa parte pode dividir-se em dois (mas não uma metade igual, então não seria uma metade, mas apenas um pedaço) e, uma parte eu realizo, a outra continua esperando.

E ler. Preciso ler o que eu quero e o que eu devo, os livros que eu já comprei e aquilo tudo o que eu já baixei. A minha lista de "Futuras Leituras" só cresce, enquanto que a "Leituras Atuais" continua estacionada. Muito feio.

Acho que irei começar uma lista em um bloquinho, andar com ele pra cima e pra baixo e fazer tudo o que eu preciso.

...

Tá, eu sei que não farei isso. Mas é uma ideia (agora sem acento, né moçada)

Ai ai, so many to do, so little time.

quarta-feira, janeiro 21

Rascunhos

Acho que deveria ser proibido postar merdas e coisas absurdamente estúpidas em blogs. Já que não é, vou contrariar minha própria idéia e partir para um post inútil que não acrescentará nada a sua vida. Então, recomendo que você vá fazer qualquer outra coisa a partir de agora, beijos.
Se não tem mesmo o que fazer, então, go ahead. Só não se arrependa de ter gasto minutos preciosos aqui.

***

Às vezes, quando estou estou de bobeira na internet e começo a pesquisar bobagens - vício, mais um vício - no Google, eu acabo caindo em algum blog aleatório. É legal ficar lendo o ponto de vista das pessoas, besteirinhas, descrições exaustivas de um grande dia ou até um guia sobre o que (deixar de) fazer em alguma situação vivenciada pelo sujeito.
E acaba que quando eu me dou conta, já tô imaginando longos diálogos entre o tal dono do blog e eu. E o pior, uma paixão repentina pelo sujeito.

Então temos um novo dia, e ouvindo uma música com mais atenção, eu acabo ficando bobinha com a letra. Ouço mais uma vez. Outra. Pronto, já me apaixonei pelo cara que a compôs.

Uma frase genial na camiseta de alguém no meio da rua ou um bom livro e pronto. Mais uma paixão platônica repentina.

Seria uma louca obsessão por caras que escrevem bem? Por magos das palavras? Po

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(...)Outra coisa dispensável é a minha falta de talento para trabalhos manuais. E o pior é que em tantos anos de vida eu ainda não entendi isso. Tão mais fácil comprar algo pronto, bonito e bem feito. Te poupa trabalho e não corre o risco de ficar o oposto do planejado. Mas não, a espertona aqui adora bancar a criativa auto-suficiente e só consegue estragar as coisas. E é estragar mesmo, muito bem estragadinho. Pronto, acho que descobri algo na qual eu sou boa: estragar coisas. (...)

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Saca microônibus? Aquela coisa que cabe, no máximo, umas 18 pessoas, mas muito motorista sem noção adora colocar no mínimo 50? Então, é a pior invenção do mundo.
Agora, sabe velhinha folgada? Segunda pior invenção do mundo.
Junte os dois e você terá um começo de manhã delicioso. É claro, imagine também que você está em pé, muito mal equilibrado e esmagado, quase sem ter aonde se segurar, e levando em consideração que o supracitado microônibus é daqueles que só possuem uma porta - e todas as 50 pessoas ficam amontoadas na frente - e que a simpática velhinha resolveu levar o "pegar o bonde andando e querer sentar na janelinha" ao pé da letra.

Sabe outra coisa irritante? Trabalho do tipo Missão Impossível. Tudo bem que, vez ou outra, um professor queira inovar e pedir um trabalho diferente e/ou um pouco mais elaborado. Uma coisa de gente, não um mísero Ctrl-C + Ctrl-V que estamos acostumados. Mas agora querer um trabalho super-hiper-mega-master-blaster-plus-high-fucking-advanced sem ter dado nenhuma base de estudo é um tanto, como eu poderia dizer... difícil. Acho que os professores deveriam fazer o trabalho antes de pedi-lo aos alunos.

Outra coisa que eu odeio é a internet. Bom, na verdade é uma relação de amor e ódio, muito bem (des)equilibrada. Às vezes esse veículo de informação pode ser a pior coisa do mundo, principalmente quando você acaba dependendo muito dela. Bom, não dela em si. Quero dizer, é dela sim. Quer saber? Deixa pra lá.
Eu deveria mesmo era estar desenvolvendo alguma habilidade enquanto eu gasto meu tempo redigindo esse post. Eu sempre fico com aquele pensa

***

Um punhado de rascunhos que estavam esquecidos aqui, acumulando poeira. Sem sentido e sem final. Rascunhos.

P.S.: Os posts que eu já comentei em algum lugar, ou com alguém, que eu iria fazer, virão. Um dia.